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 Pr. Haroldo Xavier Silva

A MULHER: DO JUDAÍSMO À IGREJA CRISTÃ COMTEMPORÂNEA
Uma análise teológica sobre o papel da mulher dentro do judaísmo, cristianismo, e a implicação desse papel dentro da igreja contemporânea.


Introdução

            Acerca da condição da mulher dentro da sociedade contemporânea - de cultura religiosa cristã - nenhum pesquisador sobre o tema há de discordar sobre a importância sócio-cultural dessa condição. Hoje, as mulheres exercem posições em que, se olharmos para traz, no tempo, jamais poderíamos imaginar que alcançariam. Assim, para fins de reflexão teológica cabe-nos perguntar: Qual é o papel da mulher dentro da igreja cristã contemporânea? Como as mulheres se apresentam ao trabalho em suas eclesias? De que forma o universo masculino se manifesta frente a a realidade de emancipação da mulher dentro da sociedade, e, por conseguinte, dentro da igreja cristã? O que a bíblia fala sobre o assunto? É na busca destas respostas que refletimos neste ensaio: a mulher sob a ótica religiosa judaico-cristã.
I. A condição da mulher dentro do Judaísmo.
Na carta de Paulo aos Coríntios, especificamente 1Cor. 14:34 há uma prerrogativa paulina de que as mulheres deveriam ficar caladas dentro da igreja. Ao recorremos à hermenêutica nas cartas paulinas fica notório a ótica vetero-testamentária do apóstolo sobre a condição da mulher dentro da igreja. E por vetero-testamentário, seria bom lembrar que em uma sinagoga judaica seria uma aberração a fala de uma mulher durante uma cerimônia religiosa. No judaísmo não era permitido que as mulheres estudassem a lei de Moisés. Havia ainda Rabinos que professavam ser melhor queimar a lei do que ensiná-la a uma mulher.
Ainda, dentro do judaísmo, muitos rabinos chegavam a crer que a mulher era um ser que não possuía alma, mostrando com isso que a posição da mulher dentro deste sistema religioso era muito inferior à do homem.          Partindo disto, não é difícil compreender porque as mulheres não ocupavam parte efetiva dentro dos cultos religiosos judaicos.
Em contra ponto, em algumas sociedades pagãs do século I, encontramos condições favoráveis às mulheres conforme nos mostra Atos 17:4 (Mulheres na sociedade macedônia). Uma das grandes contribuições do cristianismo para a melhoria da condição do gênero humano foi à valorização da mulher. No cristianismo as mulheres eram detentoras de maior estiva do que dentro do judaísmo. Paulo ainda fala em Gl. 3:28 que o homem e a mulher são um em Cristo. Assim, segundo o novo pacto, a mulher não ficaria em desvantagem em relação ao homem, pois, delas também era o “status” de estarem diante de seu Cristo em pé de igualdade com relação aos homens.
II. A condição da mulher no relato da criação.
Ao observarmos a condição da mulher no antigo testamento, devemos primeiramente fazer uma leitura sobre a descrição do gênero humano no livro dos Genesis. Em gênesis 1:26,27ss lemos que ‘...Criou  Deus, pois o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou...’  A imagem de Deus refletida na imagem do gênero humano deixa claro que a mulher como contra-parte feminina ao homem, é algo essencial a imagem de Deus. Assim também na poesia hebraica, ambos – homem e mulher – são imprescindíveis para que se tenha um quadro tencionado por Deus como a sua imagem no ser humano.
Outra questão de grande relevância em nossa reflexão sobre a condição da mulher no antigo testamento é que, Deus instituiu a mulher como “ajudadora” do homem conforme Gênesis 2:18,20. Isso nos mostra a necessidade do homem em ter seu par a fim de ser completado nas suas relações humanas. O Homem sem a mulher ficaria incompleto, ficaria sem a sua outra metade para prosseguir numa vida saudável diante de Deus e também diante da futura sociedade.  
É notório que no relato da criação a mulher não fica a mercê de seu cônjuge, o que só haveria de acontecer após a queda. É a partir da queda que a mulher fica, não em estado inferior, mais em condições diferentes relativo à sua função dentro da família; o que no futuro acabaria com a aberração da supremacia masculina sobre a feminina.

III. A condição da mulher na família judaica.
O caráter funcional doméstico sempre foi atrelado à vida da mulher no antigo testamento. Verificamos que a mulher só se desvinculava de seu núcleo familiar doméstico a fim de dar início a outro núcleo através do casamento com seu marido. Assim, o papel da mulher no antigo testamento fica suprimido dentro do universo masculino e patriarcal. É possível que o papel mais destacado da mulher dentro do lar judaico seja o de mãe. Esse papel de mãe era tão importante nos tempos bíblicos que a esterilidade feminina chegava a ser reconhecida como uma maldição divina, uma vez que furtava da mulher uma de suas funções mais importantes na vida que era a de gerar a própria vida. Há casos notórios na Bíblia como os casos de Sara, Raquel, e Ana.
Há relatos bíblicos que ainda nos chamam a atenção em mostrar que os deveres femininos eram de fato os domésticos tais como o de fabricar o pão, costurar, carregar a água e prover outras necessidades básicas para o funcionamento do lar. Cf. Gên. 18:6; Êx. 2:16; I Sal. 2:19; II Reis 4:8-10.
Até no décimo mandamento parece que a mulher é apresentada como secundária diante do homem. “... não cobiçarás a mulher de teu próximo...”. Notadamente não há mandamento similar dirigido às mulheres tal como “... Não cobiçarás o marido de tua próxima...” Isso nos dá a entender que a mulher poderia ser vista mais ou menos como possessão do homem, e não uma pessoa com direitos iguais.
IV. A condição da mulher na teologia Paulina.
Ao fazermos uma breve análise sobre a posição da mulher no universo vetero-testamentário, podemos agora então refletir sobre o papel da mulher no novo testamento, dentro do contexto da teologia paulina.  
No início do cristianismo não havia como Paulo ter emancipado o papel que a mulher desempenhava dentro da sociedade. Libertar a mulher a não usar véu, manter os cabelos cortados, falar publicamente na igreja ou até mesmo ensinar os homens teria sido para o próprio Paulo uma aberração. Paulo tinha ainda carregando consigo os valores rabínicos de que a mulher tinha um papel secundário na sociedade em relação ao papel do homem. Ver a mulher pelos olhos de Paulo era ver a mulher segundo a maneira determinada pelo judaísmo.
Só podemos supor que as profetisas neo-testamentárias exerciam seu ministério em casa – se lógico quisessem agradar a Paulo-, mas nunca num ambiente de culto público religioso. Porém, não devemos também negar o fato de que muitas delas se manifestavam em cultos de caráter gentílico, onde, nesses ambientes a mulher ficava de certa forma mais a vontade em se manifestar publicamente. Isso se observa no primeiro capítulo da carta de Paulo aos Coríntios. 
Aqui, cabe-nos uma pergunta: Estaria Paulo ao lado da razão em colocar a mulher em um lugar secundário na igreja a fim de preservar a ordem do culto religioso? Se olharmos para a igreja moderna e contemporânea certamente a resposta seria não, pois, a prática da igreja moderna e contemporânea com relação à teologia paulina do século I apresenta disparidades. As próprias palavras de Paulo - com relação ao trato feminino - o condenariam em relação a sua prática conforme nos mostra Gál. 3:28.
V. A condição da mulher igreja primitiva.
Devemos acreditar que é muito equivocada a compreensão de que as mulheres deveriam ficar caladas frente ás suas reuniões eclesiásticas. Pois, já nos primórdios da igreja observamos a mulher assumindo papéis e marcando presença em atos históricos do cristianismo como, por exemplo, o momento da ascensão de Cristo. Na narrativa do que aconteceu aos discípulos, após a ascensão de Cristo, observamos que um grupo de pessoas permaneceu em Jerusalém, e, o texto dá destaque para “... as mulheres...” (Atos 1:14). Em outro contexto vemos que Lídia, uma negociante de panos, foi a responsável pela existência da igreja em Filipos, (Atos 16 14ss). Vemos também que a igreja em Jerusalém tinha o hábito de se reunir na casa de Maria, mão de João Marcos, (Atos 12:6ss). A finalizamos damos o exemplo de Priscila, esposa de Áquila que foi lembrada por Paulo em relação ao seu esmero trabalho do Senhor (Rm 16:3).

O conselho bíblico de que as mulheres deveriam permanecer caladas em reuniões públicas de caráter religioso era para que a reputação das mulheres piedosas não ficasse manchada injustamente, devido às manifestações de mulheres pagãs dentro da igreja. Assim, mesmo que as orientações bíblicas sobre as mulheres possam parecer severas, não podemos esquecer de que os autores sacros falavam para uma geração que tratava as mulheres com mais severidade do que a geração de nossos dias. Em última instância a fala dura sobre as mulheres na igreja tinha um caráter de preservação da integridade das mulheres piedosas em relação às levianas.
Por fim, lembremos também que o novo testamento está totalmente embasado sobre as tradições ao antigo testamento, e a mulher e seu papel na sociedade religiosa não está isenta desse embasamento.
VI. A presença da mulher na sociedade contemporânea.
Após pensarmos sobre o papel da mulher no antigo e novo testamento, podemos então pensar sobre a mulher na atual sociedade contemporânea. A mulher atual já tem tomado consciência de sua responsabilidade de atuação no mundo político em que está inserida. Porém, devido ha preconceitos sofridos durante a sua história, a mulher ainda não conseguiu se posicionar totalmente como deveria em nossos tempos. A mulher é tida ainda como objeto de consumo em nossos tempos.
Doravante, a mulher continua buscando espaço. E esta é uma atividade que perdura com muita eficiência, pois, a mulher antes de tudo é um ser humano que tem seus objetivos como qualquer outro ser humano de gênero masculino. Entretanto, devemos frisar que este espaço político deve ser conquistado sem exageros, sabendo assim que qualquer excesso nessa busca por espaço deverá sempre ser condenado também por qualquer ser humano. A busca por seus direitos também é um direito que deve ser exercido com energia e integridade, porém, não se deve confundir busca por direitos com movimentos radicais de caráter feminista.
Outra faceta do avanço da mulher em nossa sociedade contemporânea é a econômica. As mulheres desejam utilizar suas capacidades de modo mais completo e influente na vida da sociedade. A mulher é participativa do mercado de trabalho, como também hoje é mais economicamente ativa do que em tempos passados.
Ao longo da história, a mulher tem conseguido alguns espaços que são de grande importância nos mundos político e econômico. Lembremos que falamos aqui não dum mundo politicamente partidário, mas sim dum mundo político onde sua presença na sociedade produz uma influência em todos os extratos sociais. A atuação da mulher sempre foi laboriosa em todos os aspectos, inicialmente no lar até sua inserção no mercado de trabalho como uma forma de busca de sua emancipação. Sempre se submetendo a salários inferiores aos dos homens, mesmo quando estes salários estejam submetidos sob a Lei.
Mesmo com o avanço da mulher em nossa atual sociedade, ainda falta muita coisa que deve ser feita para que as discriminações contra as mulheres sejam abolidas. Ainda mais por pertencermos a uma sociedade capitalista onde o mais “forte” sobrevive. As discriminações contra a mulher dentro deste sistema são explícitas, pois, quando de trata de mulheres as complexidades são maiores, tendo em vista a própria desorganização delas.
Ainda há necessidade em nossa sociedade deixar a herança patriarcal (ou machista) de lado a fim de respeitar o espaço devido à mulher. A humanidade tem muito a ganhar com a emancipação feminina, pois, até os tempos modernos percebemos que apenas os homens tinham o poder de decisão sobre o futuro da história. Com as mulheres emancipadas, creio eu, as relações políticas e econômicas de nossa sociedade tendem a construir um futuro mais promissor.
VII. A presença da mulher na igreja contemporânea.
Nos dias de hoje quando pensamos em mulheres não conseguimos mais velas apenas dentro de seu caráter doméstico. As mulheres já estão fora de seus lares trazendo sobre si outras atribuições além daquelas exigidas pela sociedade passada. As mulheres de hoje se destacam em todos os setores da economia livre. Elas já marcaram presença e não há mais como negar isso.
Se pensarmos em igreja, com exceção aquelas de caráter fundamentalista, não há como fazer igreja sem as mulheres. Elas não estão mais só no ministério infantil. Elas não estão mais só na cantina. Elas estão também nos ministérios, na diaconia, na diretoria, em frente ao ensino religioso e também nos púlpitos. Agora, há que se deve isso? Ao Espírito Santo de Deus ao movimento feminista? Ao mundanismo dentro das igrejas? Qual seria a resposta correta?  Eu, que escrevo, prefiro atribuir a presença da mulher contemporânea na igreja ao Espírito Santo de Deus. Não posso deixar de afirmar também que há exageros nessa presença marcante das mulheres dentro da igreja, porém, se olharmos para traz, os exageros sempre fizeram parte da história da igreja. Mas o que interessa a nós é analisar a presença integra da mulher dentro da igreja.
Não podemos pensar na mulher dentro da igreja sem pensar em ordenação feminina ao Ministério. Não tenho aqui a intenção de construir uma hermenêutica bíblica sobre o tema, pois, vários biblicistas já se destacaram nesse assunto. Quero apenas aqui fazer uma breve análise sobre a prática ministerial contemporânea sobre o tema. Temos hoje, bem presentes em nossas igrejas, a presença da mulher ao ministério como: diaconisas, obreiras, bispas, pastoras etc.
Certo ou errado, dentro do ponto de vista bíblico, o fato é que as mulheres já estão tomando terreno também dentro das funções ministeriais de liderança na igreja. E a experiência nos mostra que a igreja tem uma grande aceitação dessas mulheres ao ministério. Elas só encontram problema ao se depararem com os teólogos de plantão. E que de fato geralmente são teólogos; – gênero masculino.
Perguntas então podemos fazer: Porque razão as mulheres também estão se emancipando dentro da igreja? Seria apenas uma questão social, ou uma necessidade propriamente da igreja? Podemos sugerir que essa emancipação da mulher na igreja, com relação aos ministérios, se da devido à ausência de homens ao ministério? Podemos até pensar que os homens não estão suprindo as necessidades da igreja através de seus ministérios e, em tese, as mulheres estão preenchendo estas lacunas deixadas pelos homens. Ou seja, os homens não assumindo seus papeis na igreja criam eles uma necessidade na igreja, a qual necessita ser suprida. Daí, pois a presença da mulher nestes ministérios existe como conseqüência para suprir estas necessidades.
Ao longo da história da igreja observamos que as mulheres paulatinamente marcaram sua presença. Antes mesmo de Paulo se tornar cristão, observamos no relato do livro de Atos que as mulheres cristãs eram perseguidas e aprisionadas pelos judeus radicais. Ora, se eram perseguidas e aprisionadas só podemos sugerir que elas tinham um papel importante dentro do desenvolvimento do cristianismo. Nenhuma autoridade Judaica ou romana perderia seu tempo em perseguir as mulheres cristãs. Isso por si só nos mostra que a mulher, mesmo dentro de uma cultura machista, mostrava que tinha sua importância dentro da igreja. Hoje, na igreja contemporânea, o que vemos é nada mais que a história seguindo o seu curso no que concerne à presença da mulher na igreja.
A presença da mulher na igreja em nossos dias requer delas, a cada dia, novos desafios. O cansaço da igreja gerida por um sistema centrado na figura masculina abriu espaço para essa presença massiva da mulher. Não obstante, esse espaço requer da mulher posturas mais coerentes do que as masculinas:
Um primeiro desafio que chega às mulheres é a da desmasculinização dos papeis de autoridade dentro da igreja. Porém, as mulheres não devem reivindicar autoridade para si em detrimento a autoridade masculina. As mulheres no processo de desmasculinização dos papéis de autoridade não devem incorrer no mesmo erro que os homens, isto é, as mulheres têm o desafio da desmasculinização, porém não devem gerar nesse processo uma feminilização.
Um segundo desafio da mulher na igreja seria o rompimento do paradigma de que a mulher é um ser inferior ao homem. Durante muito tempo na história a mulher foi ensinada que o seu papel na sociedade era inferior ao papel do homem. Biblicamente falando é sabido que há sim diferenças nas funções dos gêneros dentro da família, e, por conseguinte na sociedade. Entretanto, as diferenças de funções de gênero não implicam em inferioridade.
Como terceiro, mas não final desafio da mulher na igreja, seria o da produção teológica. Hoje temos os homens encabeçando a produção de literatura teológica. Uma teologia que é vista apenas do ponto de vsta masculino, e, o que pode gerar distorções acerca da compreensão do divino. Sabendo que a constituição da mulher é diferente da do homem, logo também a sua percepção de mundo. Seria interessante termos em mãos uma literatura teológica – de peso – construída pelas mulheres. Assim poderíamos comparar as facetas concordantes e discordantes entre as duas teologias, feminina e maasculina. Os homens por sua vez, ao investigar um objeto teológico, investigam este através do prisma masculino. Sabendo isto não há como produzir uma literatura teológica sem a influência das idiossincrasias masculinas. Assim, portanto, uma literatura teológica feminina também deixaria traços desse gênero.
Considerações
 Ao olharmos para a história da tradição judaico-cristã, percebemos que o papel da mulher é progressista a partir da tradição cristã. O cristianismo trouxe às mulheres a sua emancipação. Se compararmos a mulher do oriente - entre outras religiões-, e a mulher do ocidente, inserida na religiosidade cristã; observaremos essa emancipação de forma explícita e contundente. O cristianismo retomou o prisma da dignidade da mulher perdida desde o éden. Dignidade esta vista na sociedade como um todo, e agora especificamente dentro da igreja cristã brasileira contemporânea. Esse fenômeno de emancipação ainda não terminou, ainda está crescendo. Já vimos muitos pontos negativos do mesmo, não obstante, pontos positivos também. O gênero feminino tem sua importância dentro da igreja, e devemos concordar que sem sua contribuição a igreja cristã não seria quem é hoje. Quanto ao futuro do gênero feminino dentro da igreja; só esse mesmo futuro nos dirá.
 Bibliografia Consultada 
CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. São Paulo: Hagnos, 2002.
SCAVONE, Lucia. Religiões, Gênero e Feminismo. REVER, Revista de Estudos da Religião. Dezembro / 2008 / pp. 1-8 ISSN 1677-1222.



VOCÊ É O QUE VOCÉ COME...




Pr. Haroldo Xavier Silva

 
Resenha de: “Os últimos dias: os pentecostais e o imaginário do fim dos tempos”, de Robson Franco Guimarães. São Paulo: Revista de Estudos da Religião, Nº1 / 2005 / pp. 31-53.



            Que a expectativa pelos fins do dias á um fator de relevância em nossa sociedade, é fato.  Deveras, o homem desde que é homem contempla a chegada desses últimos dias. Essa contemplação manifesta-se em diversas áreas da expressão humana. Tais como a área artística: musica cinema, pintura, arquitetura, literatura, entre outras. Observando isso, Franco, R.G., trouxe-nos um estudo mais especifico, ligando o foco dessa expectativa à mentalidade escatológica dos pentecostais mineiros de Belo Horizonte contidos no tempo das décadas de 1980 e 1990.

            Como partes construtivas do seu estudo Franco, R.G., disserta sobre: a compreensão universal de mentalidade, hermenêutica bíblica, interpretação histórica, e identidade pentecostal.

            Seu estudo teve duas fontes principais: Entrevistas efetuadas com alguns membros da Assembléia de Deus, e o Jornal Mensageiro da Paz. Um jornal de relevância religiosa da época para os assembleianos. Inicia-se com a hipótese de que a mentalidade escatológica da comunidade religiosa assembleiana mineira se acirrou entre as décadas de 1980 e 1990 por dois fatores determinantes: O primeiro seria um anseio social por dias melhores devido aos trinta anos de ditadura militar no Brasil. Segundo nosso autor, esse anseio foi um resultado natural, onde, a sociedade criou esperança mediante ao quadro social de terror que vivia na época.  O segundo seria o incremento do acesso a informação      que essa sociedade experimentou em sua época devido à inserção dos aparelhos de televisão às massas. Isto é, através da televisão essa sociedade pôde obter informações sensacionalistas do resultado da ditadura militar, o qual a levou interpretar que o fim do mundo estava próximo devido ao caos social.

            O autor se importa em nos lembrar as raízes teológicas do pentecostalismo que se baseia em quaro afirmações cristológicas: Cristo como salvador, Cristo como batizador com o Espírito Santo, Cristo como aquele que cura enfermidades e Cristo que virá outra vês. Indicando assim que a mentalidade escatologia dos assembleianos não se dá apenas pelo resultado de forças sociais como a ditadura militar, mas também por sua raiz teológica fundadas nos pais do pentecostalismo como, Charles Parham e William Seymor.

             Como resultado do seu estudo ele aponta que as entrevistas com os assembleianos indicaram que, dos dez entrevistados, nove afirmaram que estaríamos vivendo os últimos dias. Essa compreensão se dava pela interpretação dos entrevistados sobre os capítulos 24 e 25 do evangelho de Mateus. Com base nesses textos que tratam de aspectos apocalípticos, os entrevistados fazendo uma leitura da sua real condição social mediante ao dias da ditadura; aplicava os textos a sua própria vida presente.

            Creio ser importante ressaltar que, o misticismo religioso acerca do fim do mundo é realçado frente a acontecimentos históricos catastróficos como guerras, fome, pestilências e morte, entre outros. O ser humano sempre quando submetido a algum tipo de repressão maior tende a exercer uma expectativa natural por dias melhores mediante seu fim numa grande catástrofe. Haja vista que em nossos dias a sétima arte, o cinema, dedica grande parte do seu acervo a filmes que retratam o fim do mundo. Portanto, é evidente que Franco, R.G., se depararia com esse mesmo misticismo ao consultar os entrevistados. Nessa primeira parte de seu estudo nosso autor alcança um resultado forjado pelas conjunturas sócias da época.

            Porém, no que concerne a herança teológica dos pentecostais, percebo que o resultado do estudo poderia trazer outro enfoque.  Um enfoque votado mais para o aspecto hermenêutico bíblico, do que social. Ou seja. Em seu estudo percebo que o resultado do mesmo é o cumprimento da crença religiosa dos assembleianos mineiros em primeira instância. A pesar de os mesmos crerem que faziam parte dos “últimos dias”. Criam por uma base teológica escatológica herdada da própria história dos pentecostais.

            Acredito que nosso autor chegou a esse resultado devido iniciar seus estudos com suas pressuposições já concebidas de antemão. No, entanto seu estudo é valido como fonte bibliográfica indispensável para uso em outros estudos voltados ao pentecostalismo brasileiro.

 
  Pr. Haroldo Xavier Silva
 
Santa Cruz e a Teologia Humana
UMA ANÁLISE TEOLÓGICA SOBRE O DOCUMENTÁRIO “SANTA CRUZ” 
  A PARTIR DA ÓTICA DA “TEOLOGIA HUMANA”

Introdução

A igreja evangélica brasileira tem sido objeto de investigação de diferentes pesquisadores. Isto, porque é notório o seu expressivo crescimento e visibilidade em terras brasileiras. Teólogos, sociólogos, antropólogos e pensadores de diferentes matizes têm dedicado esforço em suas áreas de conhecimento no tema da igreja evangélica brasileira. João Moreira Salles documentou a instalação de uma igreja pentecostal na periferia de Santa Cruz, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro no ano de 1999. Neste documentário, observamos os fenômenos da inserção, instalação e progressão de uma igreja pentecostal formada por uma classe economicamente pobre; igreja esta denominada Casa de Oração Jesus é o General.

Partindo do documentário supracitado, temos como contra ponto a ótica teológica inserida no livro Teologia Humana de Jorge Pinheiro, e, em específico, três de seus capítulos: Dá pra ver o caminho?  Torre de Névoa, e, onde está o chão? Em suma, observamos que a temática da teologia humana de Jorge Pinheiro fica envolta da hipótese de que a expansão do protestantismo no Brasil se dá como fenômeno fundante, ao contrário do posicionamento sociológico de que o fenômeno religioso é apenas uma conseqüência de outros fenômenos sociais.

Assim, este estudo tem como objetivo traçar um paralelo teológico entre a teologia humana de Jorge Pinheiro e o documentário Santa Cruz do cineasta João Moreira Salles.

No documentário Santa Cruz, observamos claramente que a comunidade era carente dos mais básicos serviços que o estado poderia lhe prover. Eram pessoas pobres e carentes das mais diversas necessidades humanas. Uma comunidade simples, sem muita perspectiva de vida. Uma comunidade feita de homens desempregados, alguns analfabetos, e mulheres com aspectos nitidamente endurecidos pelo tempo e pela dureza de suas vidas.

Esse era o contexto daquelas vidas até que, um dia, o pr. Jamil, um ex-operário metalúrgico decidiu iniciar uma igreja evangélica naquela comunidade. Decidiu iniciar essa igreja motivado pelo fato de ter sobrevivido a um sério acidente na fábrica da qual era funcionário. Essa experiência levou o pr. Jamil a dedicar sua vida as questões eclesiásticas na comunidade de Santa Cruz.

Tendo como porto de partida o início dos trabalhos na igreja evangélica em Santa Cruz, observamos que a mudança de comportamento da comunidade em geral, é um fato que não pode ser desprezado. Uma dessas mudanças de comportamento se observa em declarações como “eu não pagava a luz, tinha gato, mas tirei o gato da minha casa”. As pessoas tentavam traduzir a doutrina religiosa em atos concretos.

Em outros momentos observamos também que parte da missão do pr. Jamil e igreja era a de alargar as suas estacas, comprando outro terreno, maior, a fim de atender a demanda da comunidade que a cada dia procurava a igreja como fonte de produção de sentido. Essa demanda da igreja provocou uma valorização nos lotes de terrenos a venda nesta comunidade. Sinal de que a presença da igreja em Santa Cruz já trazia valorização econômica para aquele região.

Como a religião protestante é uma religião que se baseia num livro - a Bíblia - seria necessário que as pessoas pertencentes à igreja evangélica em Santa Cruz a le-sem regularmente. Assim, as pessoas se esforçavam em se alfabetizar para ler a Bíblia, inda mais por a Bíblia se mostrar um livro complexo e erudito em certas porções. Eles se auto-alfabetizavam. A leitura regular da Bíblia fazia delas pessoas com um vocabulário acima da média, medidas às proporções da comunidade de Santa Cruz.
Em suma, podemos dizer que a igreja evangélica em Santa Cruz trouxe a sua comunidade o progresso: a) O Pr. Jamil, um ex-operário agora era um líder comunitário; b) Os lotes de terrenos que não tinham muito valor antes da presença da igreja, agora são mais valorizados pela presença da mesma dentro da comunidade; c) Pessoas iletradas, semi-analfabetas, agora se esforçam em sua auto-alfabetização para ter melhor acesso à escrita da Bíblia; e d) O sentido de vida agora faz parte da vida daquelas pessoas que, mesmo sofridas pela vida, agora vivem o sentido da mesma em função da presença da igreja.


A religião como fenômeno fundante na Teologia Humana a partir de Weber

...Marx, Dukheim e Weber: É a partir dessa trindade que nossos estudiosos se debruçam sobre o fenômeno religioso. Esses três pensadores das ciências sociais, por mais importantes, tinham em comum um ponto de partida no mínio questionável: a idéia de que a religião é sempre conseqüência, resultante desses fenômenos ou situações sociais, e nunca fenômeno fundante, embora relacional com o contexto cultural da época, situação e geografia. (Jorge Pinheiro).

É partindo do princípio da religião como fenômeno fundante que a Teologia humana de Jorge Pinheiro se alicerça. Tendo o documentário como objeto de investigação teológica, a presença da religião no mesmo como fenômeno fundante ,explode aos olhos do espectador a cada cena.

As pessoas da comunidade, às quais aderiram à igreja evangélica Casa de Oração Jesus é o General, aderiram assim porque a religião trazia um benefício mensurável às vidas dessas pessoas em termos de ordem familiar e/ou sentido de vida. As roupas que agora vestiam como o exemplo do terno e da gravata, eram roupas que traziam significado á vida daquelas pessoas. Os maridos que eram ociosos em suas atividades profissionais, agora tinham perspectiva de se inserirem no mercado de trabalho, uma vês que exercitavam sua fé neste sentido. As mulheres que no passado choravam por seu maridos bêbados e indiferentes ao lar, agora os vêem libertos do alcoolismo e mais próximos aos princípios de um lar sadio. Não é mágica, mas a religião trouxe á vida dessas pessoas uma nova perspectiva. Uma perspectiva progressista e esperançosa da mesma.
Weber, ao observar o progresso do capitalismo na Europa, tem o protestantismo como o elemento determinante deste progresso. Idéia que entra em consonância com a realidade religiosa e social de Santa Cruz.

Seria impróprio atribuir á comunidade evangélica de Santa Cruz um progresso tecnológico, econômico ou mesmo social mediante a religião protestante tal como aquela que Weber vislumbrou na Europa a partir do século XVI com o advento do capitalismo. Entretanto, não enxergar esses elementos de progresso relacionados á adesão da fé evangélica em Santa Cruz, também seria impróprio.

É notório que a adesão à igreja, mesmo que de certa forma custosa pelo dízimo, trouxe um benefício concreto para a vida das pessoas no que diz respeito a sua estrutura familiar. As famílias que aderiram à igreja evangélica tinham sobre si não só um status, mas também uma realidade de que estavam acima da média de toda a comunidade. Eram pessoas vistas como mais equilibradas sócio e economicamente do que as outras pessoas que não aderiram à igreja.

Assim, podemos afirmar que a religião é fenômeno fundante por si só. Seríamos tendenciosos por demais em colocarmos o fenômeno religioso como um fenômeno isolado dos demais. Porém, a religião não pode ser tratada como resultado de outros fenômenos sociais, mas sim, deve ser tratada como fenômeno fundante, como é o exemplo do documentário Santa Cruz.


Considerações

A igreja evangélica brasileira continua na busca de fundações. Podemos categorizar essa busca como um fenômeno religioso, fenômeno presente desde o início da reforma protestante. Em Santa Cruz, o que realmente importa para aquela população é que sua religião evangélica, por si, traz a ela um benefício tangente ás suas vidas. Ali, a igreja evangélica começa a ser um satélite da comunidade, e não apenas mais um elemento que a compõe. Ali, a teologia sai da sua torre de marfim e desse ao estrato social, trazendo ao mesmo um significado de vida. A Teologia deixa de ser transcendente, e se torna imanente. A teologia deixa de ser abstrata e se torna puramente humana.


Santa Cruz: Filme pertencente à série de documentários - SEIS HISTÓRIAS BRASILEIRAS de João Moreira Salles & Marcos Sá Correa - 62 minutos - Santa Cruz mostra o nascimento de uma igreja evangélica no subúrbio carioca de Santa Cruz e as transformações que o evento acarreta na vida de seus fiéis. Data e local de produção Ano: 2000. País: BR Cidade: Rio de Janeiro Estado: RJ Gênero Documentário.  Produção Companhia(s) produtora(s): Videofilmes; GNT; GLOBOSAT.
Cineasta brasileiro quem em 2000, coordenou a série "Seis Histórias Brasileiras", dirigindo com Marcos Sá Corrêa dois episódios: "O Vale" e "Santa Cruz".
Jorge Pinheiro é teólogo: Possui Graduação em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo (2001), Mestrado em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (2001) e Doutorado em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (2006). É Pós-Doutor em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2008). Seu principal referencial teológico é Paul Tillich.
 PINHHEIRO, Jorge. Teologia Humana – pra lá de humana, pg. 96. São Paulo: Fonte Editorial, 2010.
WEBER, Marx. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, pg. 39. São Paulo: Martin Claret, 2009
 

 Pr. Haroldo Xavier Silva
                                                            

Resenha de: “Igreja Mundial do poder de Deus – Rupturas e continuidades no campo religioso neopentecostal, capítulo III – Trânsito Religioso”, Tese defendida na PUC-SP em 2007 – Prof. Dr. Ricardo Bitun.


            Vivemos num mundo onde os resultados obtidos funcionam como uma espécie de símbolos de sucesso ou prosperidade. Há uma psicologia social infundida na mentalidade de indivíduos religiosos, onde, os mesmos se projetam como ser social apenas quando obtêm os resultados que busca. O Homem nesse frenesi pragmático é refém daquilo que procura obter.  
           
            Quando falamos em resultados, ainda mais por incutirmos uma cultura capitalista, logo nos projetamos para o mundo de mercado, onde, obter mais por um menor preço parece ser o principal objetivo de nossas vidas. Correr atrás de resultados já é parte essencial de nossas vidas, e esse correr atrás ecoa em diversos ambientes, tal como o religioso e não apenas o econômico como bem traduz o pensamento de Bitun em seu texto “Trânsito Religioso”. Para Bitun, o fenômeno “trânsito religioso” [1] nas igrejas de tradição protestante se dá determinantemente pela busca de resultados de seus fiéis. Fiéis que se mobilizam de um âmbito religioso a outro atrás de resultados que satisfaçam suas procuras. O desenvolvimento da tese de Bitun inicia-se da suspeita que, o grande movimento dos fiéis para outros grupos religiosos nas ultimas décadas apontam para alguma transformação ocorrida desse segmento. Nas entrelinhas do pensamento de Bitun essa transformação se caracteriza no pragmatismo religioso protestante.

            Do ponto de vista mercadológico o autor enxerga como elemento fundante do trânsito religioso a multiplicidade de ofertas religiosas que objetam o resultado do fiel. Uma multiplicidade enraizada no imaginário expansionista (ou missiológico) dos pentecostais e neopentecostais que, viram o Brasil como um solo fértil para o seu crescimento.

Especificamente, Bitun tem como objeto desse fenômeno a Igreja Mundial do Poder de Deus, tendo como ícone o seu líder Bispo Valdemiro. Quando a igreja mundial enfatiza a cura sobrenatural, nosso autor observa que a mesma estimula o fluxo do transito religioso entre os fiéis protestantes. Temos ai então a lei da oferta e procura, onde, o produto (a cura) é oferecido pela industria (a Igreja Mundial) por um preço de mercado (fidelidade do fiel à Igreja Mundial).

Na tese de Bitun observamos há identificação de dois traços marcantes no trânsito religioso: A liberdade de escolha e carência de serviços médicos apresentados pelo sistema de saúde pública. Como liberdade de escolha, o autor observa a pluralidade da oferta aos fiéis no que tange as diversas comunidades religiosas, oferecendo aos fieis os resultados que procuram. Entende que as fronteiras denominacionais enfraquecidas pela própria pluralidade denominacional incrementa a liberdade de escolha dos fieis, a esta ou àquela igreja, optando assim pelo melhor resultado que a igreja escolhida possa lhe oferecer.  Já, o segundo traço marcante do trânsito, é apontado à carência dos serviços médicos prestados á população. Entende-se aqui que a falta de serviços médicos públicos dentro da nossa sociedade fomenta um povo religioso à procura de serviços supranaturais para satisfazerem suas necessidades integrais.

Em caráter teológico o autor também encontra disparidades na compreensão de conversão entre o as igrejas neopentecostais e protestantes históricas. Evidenciando isso ele transcreve em seu texto testemunhos, relatos de fiéis da IMPD[2] contrapondo a doutrina pietista das igrejas protestantes históricas. De um lado temos os neopentecostais salientando os resultados obtidos depois que aderiram (ou se converteram) à IMPD. De outro, temos o protestantismo histórico salientando a conversão através de um processo doutrinário pietista. Em suma, para o fiel neopentecostal da IMPD conversão se apresenta com resultados práticos obtidos. Para o fiel protestante histórico a conversão se dá por uma transformação interna do indivíduo.

Ricardo Bitun trabalha bem o fenômeno do trânsito religioso. Apesar de seu objeto de pesquisa voltar-se à IMPD, ele não restringe sua pesquisa a essa comunidade neopentecostal. Ele usa essa comunidade como ponto de referencia de sua pesquisa, mas, entendendo que, a mesma se apresenta como estágio final (pelo menos no momento) de assentamento dos fiéis frustrados por resultados não obtidos em outras denominações neopentecostais como: a Igreja da Graça, Igreja Universal do Reino de Deus e Igreja Deus é Amor. De forma evidente nosso autor salienta que a migração dos neopentecostais de outras igrejas para a IMPD da se notoriamente pela busca de resultados que, outrora, o fiel não encontrou em sua denominação de origem, ou partida.

Observo também que nosso autor tem a perspicácia de perceber que o trânsito religioso se dá não apenas em âmbito espacial, ou territorial. Da se também em âmbito ideológico. Ou seja, um fiel não só pode transitar de uma igreja à outra de corpo presente. Pode sim estar de corpo presente numa igreja “A”, mas, já pertencer a uma igreja “B” ideologicamente.

Em linhas gerais o texto atinge as expectativas que propõe a apresentar. Porém, na leitura sentimos a ausência de dados investigativos das igrejas protestantes históricas. Parece haver uma tendência no texto em mostrar que o trânsito religioso é especificidade das igrejas neopentecostais, onde, as igrejas protestantes históricas não fazem parte desse bojo. Deveras, as igrejas de tradição históricas são menos afetadas que a pentecostais e neopentecostais. Mas o fenômeno do trânsito religioso se observa nas duas tradições  (protestantes e pentecostais). O Texto reflete uma realidade, mas tendenciosa. No entanto, para os pesquisadores do fenômeno religioso protestante brasileiro, a leitura do Bitun se faz obrigatória.



Seminarista:   Filipe Balieiro 
 Páscoa

A páscoa chegou, e com ela toda a sua alegria e o prazer de abrir os ovos de chocolate e nos deliciarmos com eles.
A festa que deveria ser um memorial, uma celebração da morte e ressurreição de Jesus Cristo, está perdendo espaço para o tal coelho da páscoa. Esse coelho, que nunca foi e nunca será o símbolo do cristianismo e nem da páscoa, está dividindo nosso tempo, nosso dinheiro e nosso foco do verdadeiro sentido da páscoa.
Assim como na páscoa, no natal também cedemos espaço para o senhor de barba branca comprida e com roupas vermelhas. Você já imaginou o quanto seria mais proveitoso para o reino de Deus se o tempo e o dinheiro gasto com todos esses símbolos paralelos fossem utilizados para fazer valer o verdadeiro sentido da páscoa e do natal?
Muito temos que aprender com os judeus e mulçumanos com relação às suas festas, onde não permitem quaisquer símbolos paralelos. Enquanto nós, de fato, não abandonamos o verdadeiro sentido da páscoa, mas somos extremamente passivos em aceitar os símbolos criados pelo mundo para desviar o verdadeiro sentido das nossas festas.
Deus deixa bem claro em Isaias 42:8 que não aceita dividir a sua glória: “Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não darei a outrem...” como ousamos dividir nossas festas com coelho e “papai” noel?
Jesus Cristo sempre foi e sempre será o único símbolo da páscoa. Aquele que tudo fez e tudo faz por você jamais poderá ser dividido com qualquer símbolo em nossas celebrações. Nossa festa, nosso foco, nosso dinheiro dever ser empenhado naquele que é o motivo da festa.
Portanto nesse clima de festa sem igual, vamos dar espaço apenas para Aquele que é o motivo da páscoa. Vamos celebra a Jesus Cristo, que vivo está!




   Pr.Dr. Edson B. Valeriano
O SENHOR DO TEMPO, NO TEMPO
                “Senhor, tu tens sido o nosso refúgio de geração em geração. Antes que nascessem os montes, ou que tivésseis formado a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade tu és Deus.” Salmo 90:1-2.
                O tempo é o constante suceder de momentos de forma ininterrupta que vai ‘gastando’ tudo que tem começo, meio e fim. Por isto que, tudo que é composto de matéria física cresce, amadurece e fenece. Nasce, se desenvolve até o máximo do seu potencial latente e depois se desintegra, passando a compor outros indivíduos biológicos ou minerais, dando continuidade ao ciclo da vida, na qual, segundo Antoine-Laurent Lavoisier – 1743/1794 – ‘Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.’  Tudo isso pode gerar um sentimento de ser ‘nada’ àquele que não possui um conceito de vida que transcenda, que vá além do ‘aqui’; por isso a vida se lhe apresenta como uma existência fútil e sem sentido.
                Contudo, foi dentro desse suceder de momentos, no tempo, que o Eterno colocou o ser criado à Sua imagem e semelhança para refletir seu Criador e, depois passar do tempo para a eternidade, que é seu verdadeiro destino. Dentro dessa visão de existência a vida terrena não se constitui um fim em si, e sim um meio de explicar a razão do existir desse nobre ser humano, que trata a si próprio com tanta insignificância. Assim é que o cântico do salmista ressalta a relevância da presença do Senhor da Vida dentro do dia-a-dia do ser criado, ‘de geração em geração’ , entendendo ele duas coisas: Uma, o Eterno é o Senhor do tempo, e tudo que Ele colocou dentro d tempo, colocou com propósitos e objetivos específicos a serem preenchidos. Duas, Ele marca Presença, cuida e zela de tudo que ele colocou no tempo e espaço, para que, de etapa a etapa, cada indivíduo aqui colocado, racional ou não, deixe sua contribuição na construção do mundo que há de vir. E cada um cumpre a sua, voluntária ou involuntariamente.
                A sensata realidade ensina ser dessa forma a correta maneira de considerar a graça do chegar ao término de uma jornada; a vitória de uma árdua etapa na vida; o comemorar mais um aniversário de existência; o voltar parra casa após um dia de trabalho ou mesmo de lazer. O tempo não é tão importante quanto o Senhor do tempo. Foi Ele quem nos fez e faz existir, que nos faz permanecer, não meramente de uma etapa para outra, mas simplesmente, de ser! Vivendo a vida olhando desse prisma, ela ganhará outro colorido – com certeza!





Pr. Haroldo Xavier Silva
RELIGIÃO E POLÍTICA
UMA ANALISE SOCIAL E TEOLOGICA SOBRE A INFLUÊNCIA DO VOTO RELIGIOSO NAS CAMPANHAS PRESIDENCIAIS DO ANO DE 2010 NO BRASIL

INTRODUÇÃO

    Em 31 de outubro de 2010 o povo brasileiro teve a oportunidade de mais uma vez eleger um presidente da república, alias, presidente não, presidenta  conforme informa os nossos dicionários . Não foi apenas o tema do gênero humano que chamou a atenção da mídia e dos pensadores sociopolíticos do nosso país. Vários foram os temas, mais um foi determinante para que essas eleições fossem para o segundo turno; o tema do voto religioso, religioso este de lastro cristão, e especialmente evangélico. Não há como negar que a religião foi um personagem de destaque protagônico nessas eleições.
    A concomitância da cultura católica inserida em nosso país desde sua fundação, e a ascensão da religião evangélica no mesmo, foi um fator importante no processo eleitoral presidencial brasileiro de 2010. Assim, cabe-nos uma reflexão sobre essa realidade presente em nossa sociedade, mas que de certa forma foi ignorada por pesquisadores de diversas áreas de conhecimento, e por diversos motivos também.
    Esse trabalho tem como objetivo buscar na história do protestantismo europeu, bases que alicerçaram o voto religioso evangélico na campanha eleitoral presidencial brasileira de 2010. Primeiramente vamos lançar um olhar sobre o pensamento político de Lutero, após, olharemos também para o pensamento político dos reformadores radicais. Por conseguinte, abriremos um diálogo sobre a influência do pensamento protestante europeu no protestantismo do Brasil, e sobre o resultado dessa influência na campanha eleitoral presidencial brasileira de 2010.

A RELAÇÃO ENTRE A IGREJA E O ESTADO NO PENSAMENTO DE LUTERO  

Para inicio de uma reflexão sobre o tema em pauta, não podemos ter outro ponto de partida além do protestantismo histórico europeu, e em especial ao pensamento político do reformador alemão Martinho Lutero. Lutero escreveu um livro intitulado "À nobreza cristã da Nação Alemã acerca do melhoramento do estado cristão". Nesta obra Lutero enfatiza o sacerdócio universal do salvo, sacerdócio este que tem implicações em seu mundo temporal. Em especifico implicações que detém na ajuda aos necessitados de bens e oportunidades dentro de sua sociedade. Também nesta mesma obra observamos Lutero defendendo que, o propósito do estado era o de zelar pela sua sociedade em todas as esferas. De um lado Lutero conclamava a igreja a intervir em questões sociais, não obstante, enfatizava também que o estado era quem tinha obrigações para com a mesma sociedade. Já nos primórdios do pensamento protestante observamos uma relação – mesmo que antagônica - entre a Igreja e o Estado.
Conforme nos anuncia o historiador Justo l. Gonzalez, Lutero desenvolveu uma doutrina teológica tentando estabelecer uma fronteira entre as relações da Igreja x Estado. Porém, Gonzalez ainda anuncia que em certos momentos Lutero dispunha de forças estatais para cumprir os objetivos da igreja. Mostrando assim certa inconsistência no pensamento político de Lutero:
[...] devemos nos referir ao modo pelo qual o reformador entendeu a reação entre a Igreja e o Estado. Segundo ele, Deus tinha estabelecido dois reinos, um sob a lei e outro sobre o evangelho. O estado opera debaixo da lei e o outro sob o evangelho. O estado opera debaixo da lei e seu principal propósito é por limites ao pecado do ser humano. [...] Os crentes por outra parte, Pertencem ao segundo reino, e estão debaixo do evangelho. [...] Lutero chamou seus seguidores às armas. E quando diversos grupos e movimentos, tais como os camponeses rebeldes e os anabatistas, lhe pareciam subversivos, não vacilou em afirmar que as autoridades civis tinham o dever de esmagá-los. O que quer dizer que Lutero sempre teve duvidas sobre como a fé devia relacionar-se com a vida civil e política. 

Dúvidas de Lutero, ou não, nas questões políticas e eclesiológicas o fato é que nesse pensamento protestante germina o processo de secularização do estado, nasce aqui uma nova maneira de pensar a fé e a política. Porém, não seria prudente concluir que no pensamento de Lutero a política e religião nada têm haver uma com a outra. De fato, para o reformador as funções da Igreja e do Estado não podem ser confundias, são distintas entre si. Não obstante, não podem ser separadas. A defesa de que a igreja não deve se interessar por assuntos políticos não pode se fundamentar no pensamento de Martinho Lutero.
A partir desse prisma podemos então nos colocar a pensar; Qual é a relação entre a religião e a política dentro do estado brasileiro? De quem nós evangélicos brasileiros herdamos a compreensão (ou não-compreenção) das relações entre Igreja e Estado. Tenho como hipótese que essa nossa relação foi grandemente influenciada pelos reformadores radiais ao ponto de nos abstermos quase que totalmente das questões estatais. Porém, Assim como Lutero, no momento em que fomos coagidos por grupos contrários aos nossos interesses, fomos às urnas mostrar que a igreja deve sim opinar em questões políticas estatais. Essa questão será mais bem tratada no próximo tópico desse trabalho.

O COMPORTAMENTO POLÍTICO DA IGREJA EVANGÉLICA BRASILEIRA NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010.

Segundo a teologia dos reformadores radicais, em especial a dos puritanos independentes, a igreja deveria ser uma instituição totalmente separada do estado, entendendo assim que o estado não deveria intervir nos negócios da igreja, e nem a igreja deveria intervir nos negócios do estado conforme nos informa o historiador Cairns . As igrejas de tradição congregacionalista aderiram essa teologia desde então.

Distintamente dos (puritanos) separatistas, os (puritanos) independentes queriam total a separação entre a Igreja e o Estado e a adoção do sistema congregacional para a igreja. 

    É interessante percebermos que esse caráter de não associação entre igreja e estado é muito presente nas denominações evangélicas brasileiras. Algumas denominações de caráter congregacional e independente como a menonita e a batista, assim atestam de forma bem acentuada. No entanto, essas mesmas denominações levaram à discussão a seus fiéis acerca da influência que a igreja deveria exercer no estado através das ultimas eleições. Púlpitos viraram tribunas - não de comício- mas de esclarecimento das tendências partidárias dos presidenciáveis à república, mostrando assim para nós que essa questão de separação entre igreja e estado pode e deve ser discutida pela igreja evangélica brasileira que a cada dia cresce nesse país.
O periódico da denominação batista, “O Jornal Batista” chegou a publicar uma entrevista com pastor Valdemar Figueiredo Filho, que é doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), e doutorando em Teologia pela PUC-RJ, para analisar o impacto da religião na ultima eleição presidencial. Ao ser questionado sobre uma possível posição de neutralidade da sua denominação (batista) em relação às eleições ele disse o seguinte:

Registro ainda que nestas eleições o posicionamento do pastor batista Paschoal Piragine Júnior postado no Youtube teve uma admirável repercussão. Soube de muitas igrejas batistas que reproduziram o vídeo em seus cultos dominicais. O presidente e o secretário executivo da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB), respectivamente pastores Lécio Dornas e Juracy Carlos Bahia, manifestaram apoio ao posicionamento político do pastor Paschoal Piragine Júnior. Em nota justificaram que este pronunciamento pessoal do presidente e do diretor executivo da OPBB foi enviado a todos os pastores filiados à OPBB em setembro de 2010 e postado no site da OPBB por cerca de 15 dias. O escritório da OPBB recebeu 99 mensagens de congratulações pela nota e seis mensagens criticando o posicionamento dos dois.

O comentário acima indica que separar igreja e estado dentro da esfera política é algo impossível, mesmo para os congregacionalistas independestes com os batistas. Como membro dessa denominação, presenciei discursos in loco salientando que a igreja “apesar” de separada do estado deve exercer influência no mesmo através do voto consciente.
    Em suma, e ao que parece, há um antagonismo ideológico no pensamento das igrejas evangélicas brasileiras quando afirmam a separação entre a igreja e o estado, mas ratificam que o cristão pertencente à igreja deve ser um agente social de interferência nos negócios do estado, e em especialmente a esfera política.

O VOTO DOS EVANGÉLICOS PELA ÉTICA SEXUAL.

    Ao que nos parece, o voto religioso dos evangélicos brasileiros nas eleições presidenciais de 2010, deu-se basicamente em função da ética relacionada às questões sexuais; o homoxesualismo e o aborto.
    A segurança pública, o acesso a cultura, a moradia, o emprego, a saúde, a justiça social em si; ficaram em segundo plano na opção eleitoreira dos evangélicos em relação à questão ética sexual. Midiaticamente analisando, foi notório que o voto evangélico destinado a candidata Marina deu-se devido à mesma pertencer a uma denominação evangélica que, como as outras apresentam certa “neurose” acerca das questões sexuais do ser humano.
    A candidata Marina por pertencer a uma denominação evangélica (Assembléia de Deus) inspirou indiretamente a mente dos evangélicos a votar na mesma em detrimento aos outros candidatos que, por sua vez, declaradamente não se impuseram (até o primeiro turno) contra a legalização do aborto, e a prática do homossexualismo. De fato, a mesma Marina também não se posicionou claramente nessa questão, entretanto, por ser evangélica, parte de seu eleitorado evangélico ignorou esse aspecto, votando na mesma idealizando que os valores éticos da presidenciável eram compatíveis com os valores éticos cristãos concernentes a sexualidade.
    Marina não venceu, mas deu “trabalho” nessas eleições. Foram vinte milhões de votos aproximadamente que a mesma ganhou. Um número tão expressivo que levou as eleições para o segundo turno. Isso nos mostra que o voto religioso foi um fator deveras importante dentro desse processo eleitoral. Um fator que não deve ser desprezado pelo povo brasileiro, que, afinal, é um povo que começa a apresentar valores ético-cristãos devido a sua cultura cristã que a cada dia se acentua nesse país chamado Brasil.
    O povo evangélico já está presente, presente não só em de seus templos de pedra exercendo elucubrações filosóficas. Está presente numa sociedade que carece dessa presença. Assim sendo não só a religião é parte desse povo, mas a política também. Querendo alguns, ou não, religião e política já faz parte da realidade dos evangélicos brasileiros.


CONCIDERAÇÕES

Para os evangélicos, a questão da não-interferência nas questões do estado é um valor já idealizado na maioria das denominações por questões propriamente históricas do protestantismo. Nessa perspectiva Igreja e Estado são coisas distintas, e que, devem ser tratadas também distintamente. Não obstante, Pensando em Brasil, observamos nessas eleições que esse idealismo (ou teologia) caminhava bem até o ponto em que o estado brasileiro ventilou o casamento homossexual e o aborto como práticas legais em sua Constituição Federal. Em resumo, a igreja evangélica brasileira despertou para as questões políticas e estatais a partir do momento em que seu moralismo ético-sexual foi desafiado.
O que fica de lição para os evangélicos nessas eleições presidenciais? Creio que uma primeira lição que devem aprender é que eles fazem parte de um povo religioso que saiu do seu ostracismo mostrando seu poder político-social para uma nação que até pouco tempo o negligenciava, e em alguns momentos até mesmo o discriminava. O povo evangélico mostrou nessa eleição que é um povo forte, e que merece o respeito dessa nação.
Como segunda lição, o povo evangélico sabendo que pode exercer influência no poder público, deve entender também que sua influência ao mesmo não deve se limitar em questões éticas voltadas a sexualidade. Outros temas importantes também devem ser influenciados pela força evangélica como o tema da justiça social, em suma.
Não só a religião faz parte do mundo dos evangélicos brasileiros, agora, e mais do que nunca a política também. Alguns podem até não gostar, ou admitir, mas religião e política já é uma característica desse protestantismo brasileiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


GONZALES, Justo L. Uma História do Cristianismo, A Era dos Reformadores, Vol. 6. São Paulo. Vida Nova, 2004.

EARLE E. Cairns. O Cristianismo através dos séculos. São Paulo. Vida Nova, 2005. Pg. 273.

FILHO, Valdemar Figueiredo. Entre o Palanque e o Púlpito: Mídia, Religião e Política. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Ciência Política, IFCS/UFRJ. Rio de Janeiro. 2002.

BORGES, Tiago Daher Padovezi. Representação Partidária dos Evangélicos na Política Brasileira. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Ciência Politica, FFLCH/USP. São Paulo, 2007.

FERREIRA, João Cesário Leonel (Organizador). Novas Perspectivas do Protestantismo Brasileiro. São Paulo. Fonte Editorial/Paulinas, 2009

O JORNAL BATISTA, Órgão da Convenção Batista Brasileira, Semanário Confessional Doutrinário Inspirativo e Noticioso.     Rio de Janeiro, 2010.






 Fazendo a revisão - Mensagem de André Valadão!




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   Pr.Dr. Edson B. Valeriano


 03-04-2011
Autor: Pr.Dr.Edson B. Valeriano
A GRAÇA DE DEUS...A TODOS OS HOMENS
    “Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos, para que, renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos no presente mundo sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, que se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda iniqüidade, e purificar para si um povo todo seu, zeloso de boas obras.” Tito 2:11-14.
    Dar coisas não é desprendimento dos mais difíceis, pois afinal de contas quem possui a benesse de doar e o faz, demonstra reconhecimento de ser pessoa abençoada para abençoar a quem o supremo doador da Vida e de todas as coisas, colocar no seu caminho. O deveras difícil é o dar-se a si mesmo! Difícil mais ainda é dar-se a si a um outro que não quer e nem deseja tomar conhecimento dessa dádiva máxima. Por isso ignora e se porta indiferentemente, mesmo quando é informado da dádiva em disponibilidade.
    Essa última consideração é que se aplica no que se refere à relação do Senhor Eterno para com os seres humanos: ‘a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens.’ Os homens não pediram tamanha dádiva ao Eterno! Aliás, nem poderiam, em razão da diminuta e finita capacidade em perceber, e muito menos entender, o infinito e Supremo Ser. O Ato de Ele vir regatar a humanidade representou a expressa Vontade do Próprio Pai. “...o qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de nosso Deus e Pai.” Gálatas 1:4.
    A graça de Deus – que é dádiva sem necessidade de retorno em obras, senão que a recebam e adentrem à salvação – inclui: perdão total e absoluto da pessoa, independente do número, qualidade e dimensão das falhas e delitos; gerar na pessoa um novo ser (João 3:3; 2ª Coríntios 5:17) da mesma natureza de Jesus (2ª Pedro 1:4), o Filho, a fim de se tornar ‘’um povo todo seu, zeloso de boas obras.’ – aí, sim, as boas obras serão conseqüência do novo ser, e não causa – e é estendida a ‘todos os homens’ , i.e., a todos os seres humanos – não inclui anjos – de todas as raças, credos e cores, indistintamente, ‘a todo aquele que crer.’ João 3:16.
    No entanto, a resposta dos seres humanos ao longo dos séculos a essa benesse divina não tem sido das mais satisfatórias; os números por si falam. Apesar de agressiva atividade missionária dos seguidores de Cristo desde os primórdios, hoje, mais de dois terços da humanidade não professam a fé cristã. Do menos de um terço que professa, uma imensa grande maioria é de professos nominais. Dos genuinamente professos, menos, bem menos de cinqüenta por cento é fielmente comprometido. Basta analisar cada igreja local! “...e, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará.” Mateus 24:12.






As atitudes muitas vezes não refletem o que pregamos. Ao assistir o vídeo, coloque-se no lugar dos dois personagens. Qual seria sua reação? Comente. 

Postado Por: Jeonias dos Santos

 

 


Filósofo inglês lança bíblia sem Deus

O livro humanista tira a vez dos profetas e apóstolos e passa a palavra para pensadores.

Open in new windowO filósofo A C Grayling, novo presidente da Associação Humanista Britânica, resolveu escrever uma Bíblia sem falar sobre Deus e lançou The Good Book: A Humanist Bible [O Bom Livro: uma Bíblia Humanista]. Neste livro saem os profetas e apóstolos e entram os grandes filósofos e escritores.

“A ética humanista não pretende ser originada em uma divindade. (Eles) começaram a partir de uma compreensão solidária da natureza humana e aceitaram que há uma responsabilidade para que cada indivíduo lute pelos valores em que acreditam”, explica o autor.

O livro é sobre a experiência humana neste mundo, sem mencionar deuses, alma ou vida após a morte. Os textos analisam a sabedoria humana de todas as idades e lugares para oferecer consolo, inspiração, orientação, e causar uma reflexão sobre como viver uma vida boa.

The Good Book tem mais de 600 páginas dividas em capítulos e versículos, igual a Bíblia. Outra semelhança é que a obra inicia-se em um jardim, mas não é sobre a criação de Adão e Eva: é Isaac Newton e sua macieira.

Outra “mera coincidência” com as Sagradas Escrituras é que o livro traz uma versão secular dos 10 mandamentos: 1) Ame muito; 2) Busque o que há de bom em todas as coisas; 3) Não prejudique os outros; 4) Pense por si mesmo; 5) Seja responsável; 6) Respeite a natureza; 7) Faça sempre o seu melhor; 8 ) Informe-se; 9 ) Seja gentil e 10) Seja corajoso.

Ironicamente o livro foi lançado perto da data comemorativa dos 400 anos da tradução mais popular da Bíblia para a língua inglesa, a King James. E a divisão e o nome dos “livros” também lembra os da Bíblia: Gênese, Sabedoria, Parábolas, Concórdia, Lamentações, Consolação, Sábios, Canções, Histórias, Provérbios, o Legislador, Atos, Epístolas e o Bem.

Não há previsão de lançamento no Brasil, mas o livro custa cerca de 60 reais impresso ou 35 em formato digital na Amazon.

Fonte: Gospel Prime

Postado Por: Jeonias dos Santos


O perigo da interpretação errada da Bíblia!

Reportagem exibida no fantástico que mostra um equivoco terrível e vergonhoso!

 


 


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